Doom Eternal: jogamos as primeiras três horas da campanha

Por Fabiana Pires

21/01/2020 - 06:007 min de leitura

Doom Eternal: jogamos as primeiras três horas da campanha

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Imagem de Doom Eternal: jogamos as primeiras três horas da campanha no voxel

Após o sucesso alcançado por sua reimaginação de Doom em 2016, a desenvolvedora id Software e a publisher Bethesda uniram forças novamente para sua sequência direta Doom Eternal. À convite da produtora, viajamos até Nova York, EUA, para jogar as primeiras três horas da nova campanha e trocar uma ideia com os diretores da aventura, e logo ficou claro que Doom Eternal tem tudo para ser um dos grandes jogos de tiro de 2020!

Nosso teste foi realizado em um computador top de linha com todas as configurações de performance no máximo mas, além do PC, o jogo também ganhará versões para Xbox One, PlayStation 4 e Google Stadia em 20 de março de 2020, além de um port para Nintendo Switch, ainda sem data exata de lançamento. Marty Stratton e Hugo Martin, que dividem a direção de Doom Eternal, garantem que o título rodará a estáveis 60 frames por segundo em todas as plataformas principais e, em nosso teste no computador, a fluidez do tiroteio era nítida, sem quaisquer quedas de desempenho ou engasgadas na performance.

reprodução / Thomas Schulze
Doom Eternal rodará a 60 FPS estáveis em todas as plataformas. No PC, praticamente não havia loadings (Reprodução / Thomas Schulze)

Se você achou o Doom de 2016 muito frenético em seus tiroteios, espere só até ver a matança desenfreada que o aguarda na sequência! Doom Eternal pega tudo que seu predecessor tem de melhor e eleva à décima potência para que os demônios infernais sejam explodidos e desmembrados de formas ainda mais loucas, criativas e divertidas. Graças a um maior foco na verticalidade dos terrenos, ficou ainda mais fácil construir "combos" e emendar sequências de decapitações, explosões e tiros à queima-roupa pulando de um canto para o outro do cenário.

Novamente no comando do Doom Slayer (ou Doomguy, para os íntimos), o jogador já começa a campanha com o poder de dar saltos duplos, e o primeiro nível faz um bom trabalho ao ensinar de forma natural e orgânica suas mecânicas de exploração e ação. Em poucas horas você já ganha acesso a novas formas de locomoção, como um dash, perfeito para esticar seus pulos, e a agarrada, que pode ser feita em certas paredes para se pendurar e escalar até o próximo ponto de interesse. Os novos movimentos garantem um bom sentimento de frescor e renovam os ares da franquia.

Reprodução / Thomas Schulze
Doom Eternal dá um foco bem maior à verticalidade dos terrenos e aos segmentos de plataforma (Reprodução / Thomas Schulze)

Um grande salto de qualidade

Conforme as fases vão passando, maior se torna o foco em saltar por plataformas, o que pode fazer o jogador mais purista e antipático ao gênero revirar os olhos. Se os primeiros minutos de jogo lembram bastante o Doom de 2016, já na segunda hora de campanha Doom Eternal revela sua verdadeira face e o que o torna tão único. Pense em uma versão tunada de Metroid Prime: um FPS com grande foco nos saltos entre plataformas distantes, mas desta vez com doses cavalares de ação entre cada uma delas.

Em seus melhores momentos, Doom Eternal mostra o que aconteceria se alguém entregasse uma escopeta nas mãos do Mario enquanto ele esmaga Koopas e Goombas em sua fase favorita de Super Mario World. Há até barras de fogo rotacionando entre as plataformas, como se o rei Bowser em pessoa tivesse visitado o inferno para dar umas aulinhas de arquitetura em covis do mal! Um certo DNA nintendístico não é mera coincidência, e Hugo Martin sorriu ao ouvir essa comparação:

Reprodução / Thomas Schulze
O Doomguy consegue se segurar em certas plataformas para alcançar novas alturas (Reprodução / Thomas Schulze)

"Se você visse o nosso time trabalhando, o norte ao longo do desenvolvimento era quase como 'Mario encontra Doom!', então ouvir você dizer isso aquece meu coração!" explica Hugo, entre risos. "Nós queríamos nos certificar de que as lutas em arenas não eram a única coisa legal deste jogo. Amamos o anterior, era incrível, mas você só seguia de um combate para o outro, então queríamos algo novo desta vez. Aumentando o escopo com plataformas, demos aos jogadores mais movimentos para se aprimorar além da perícia em combates."

Poderes e cooldowns

Gerenciar a munição de suas armas com sabedoria é essencial para sobreviver aos combates mais desafiadores de Doom Eternal, mas a chave para resolver a equação das lutas mais cabeludas é fazer bom uso do sistema de cooldowns. Aos poucos o Doomguy ganha novos armamentos, como granadas de impacto, granadas congelantes e até um pequeno lança-chamas, e cada item traz suas próprias estratégias e vantagens.

É preciso escolher muito bem a hora de acionar cada poder, pois eles só podem ser ativados com intervalo de alguns segundos entre si. Isso ajuda bastante a tornar os combates mais interessantes e estratégicos, já que você pode usar uma granada de impacto tanto para aniquilar um grupo de inimigos como as arremessando na boca de um imponente Cacodemon (aquelas grandes bolotas voadoras com um olho só), o que os atordoa imediatamente e gera chances de realizar uma glory kill.

O sistema de glory kills segue praticamente inalterado em relação ao jogo anterior, e rende boas oportunidades para recuperar sua energia e dar um breve respiro no meio dos combates mais longos. Ao causar dano e atordoar um demônio, ele começa a piscar, o que indica visualmente sua chance de se aproximar e realizar um ataque corpo a corpo para ganhar valiosos itens de cura. Alternativamente, é claro que você também pode ignorar qualquer tática e sutileza e cortar os demônios ao meio usando sua motosserra de estimação. Só lembre de ficar de olho no medidor de combustível da arma!

Reprodução / Thomas Schulze
Há muitas formas de eliminar os inimigos em Doom Eternal. Seja criativo! (Reprodução / Thomas Schulze)

Também não dá para deixar de destacar a empolgante trilha sonora heavy metal que embala os conflitos. Conforme os litros de sangue se espalham pelo cenário, as guitarras e bateria explodem em volume máximo dando a batida perfeita para a carnificina, cortesia do compositor Mick Gordon, que retorna ao batente após mandar muito bem no Doom 2016. Não se espante se começar a balançar a cabeça e bater os pés no chão no ritmo das músicas conforme abre seu caminho à força pelo mar de criaturas infernais!

Doom Eternal também possui um sistema de cosméticos obtidos por "passe de temporada", mas não se assuste, pois não há microtransações. "O progresso na temporada é uma forma de recompensar o tempo que você gasta jogando Doom Eternal." explica o diretor Marty Stratton. "Quando você joga, seja a campanha ou o Battle Mode, você ganha experiência, e esses pontos de XP avançam uma barra de progresso da temporada. Todo mês teremos novos cosméticos grátis, que também podem ser destrancados através dos desafios semanais e mensais. Acho que os fãs vão adorar as roupas de jogos antigos, especialmente porque as roupas também aparecem nas cutscenes, que rodam em tempo real."

Reprodução / Thomas Schulze
Os diretores do jogo, Marty Stratton e Hugo Martin (Reprodução / Thomas Schulze)

Desafio sob medida

Jogamos nosso teste inteiro na dificuldade Ultra-Violence, a segunda maior disponível. Curiosamente, a maior parte das mortes que sofremos ficaram concentradas na primeira hora de jogo, quando a munição ainda era mais escassa e as mecânicas menos familiares. Conforme novas armas e poderes foram obtidos, dava até para se sentir um tanto overpowered nos combates, disparando habilidades secundárias misturadas com pesados tiros de plasma sem dó.

Só que nem deu tempo da soberba bater, já que não só havia um nível ainda maior de dificuldade, o Nightmare, como também um modo imensamente punitivo no qual você possui apenas uma vida para passar por todos os desafios de uma só vez, o Ultra-Nightmare! Em um teste por tempo limitado, faltou coragem para encostar nessa pedreira, mas certamente ele será uma ótima pedida para a turma mais hardcore se desafiar em casa. Nele, o jogador só pode salvar entre cada fase e, ao morrer, perde o seu progresso todo, deixando apenas um marcador na fase para lembrá-lo do quão longe chegou.

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Na dificuldade Ultra-Nightmare, o jogador tem apenas uma vida para zerar Doom Eternal (Reprodução / Thomas Schulze)

Como no Doom anterior, sua vida não se recarrega sozinha e é preciso coletar kits de primeiros socorros e armaduras para esticar a energia, além de coletar munição dos inimigos derrotados. Vale a pena fazer um pouco de backtracking quando encontrar dificuldades, pois essa é uma forma de obter não apenas power ups úteis, como também easter eggs divertidos.

Os caminhos alternativos escondem engenhosos puzzles ambientais e atalhos secretos com itens que vão desde colecionáveis (desta vez o bonequinho do Doomguy dá lugar a um fofo zumbi) até runas e modificações de equipamentos. É possível acionar seu mapa a qualquer momento para se situar no cenário e estudar pontos de interesse e rotas para seus objetivos. Em comparação com o jogo anterior, a arquitetura geral das fases e o layout do mapa parecem melhor trabalhados e mais inteligentes.

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Há dezenas de colecionáveis para obter nas fases de Doom Eternal (Reprodução / Thomas Schulze)

Fases bem planejadas

É mais simples intuir quais pontos provavelmente escondem segredos, e na maioria das vezes realmente há alguma recompensa por lá. Ao progredir o suficiente em uma fase, é possível fazer viagens rápidas até checkpoints anteriores com um simples apertar de botões, e até mesmo migrar para pontos específicos de fases já concluídas, o que é uma verdadeira mão na roda quando você sentir que não está forte o bastante para encarar os próximos desafios.

Cada uma das primeiras fases têm o seu próprio tema, estilo de arquitetura, demônios e desafios, começando em um cenário mais urbano, com uma cidade em ruínas, passando por templos antigos, as profundezas do inferno, e até uma área com neve e abismos aterrorizantes. Em uma das partes mais divertidas, armadilhas ambientais podiam ser utilizadas para estourar os poderosos Mancubus com apenas um golpe.

Entre todos os demônios, perdemos mais vidas com o Arachnotron. Todos os inimigos do jogo possuem um ponto fraco de difícil acesso, mas que facilita bastante a luta ao ser detonado. No caso do aracnídeo mecânico, a luta fica bem mais simples quando você consegue destruir o pequeno canhão acima de sua cabeça, o que deixa a criatura vulnerável e praticamente indefesa.

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Todo inimigo do jogo possui um ponto fraco único que deve ser descoberto e explorado (Reprodução / Thomas Schulze)

Doom Eternal mistura perfeitamente suas novas mecânicas de plataforma com os combates contra hordas de demônios em pequenas arenas. Os níveis foram tão bem pensados que sempre há uma miríade de rotas de fugas, pontos para fazer acrobacias e ângulos inusitados para se proteger e emboscar os rivais. Experimente dar um pulo duplo para fugir, se segurar em uma barra, e então usar o dash para alcançar um demônio voador, apenas para transformar seu rosto em uma bola de sangue com um tiro certeiro de espingarda. A magia desses pequenos momentos não deve ser subestimada!

Repeteco delicioso

Se o Doom de 2016 foi candidato a jogo do ano em diversas premiações e amplamente aclamado mundo afora por sua criatividade e renovação de mecânicas clássicas, o que testamos de Doom Eternal passou a impressão de que todos os fãs da aventura anterior vão se divertir muito com as novas ideias e acréscimos pontuais da sequência, que não mexe demais em um time que já estava ganhando, mas acrescenta o suficiente para justificar uma aventura inédita.

Reprodução / Thomas Schulze
Progredir na campanha e coletar itens rende melhorias de performance para o herói (Reprodução / Thomas Schulze)

As novas mecânicas de plataforma não são o bastante para reinventar a roda ou tornar o título tão distinto assim de seu predecessor, mas isso não é algo ruim! Doom Eternal deixa aquele gostinho bacana de repetir uma refeição deliciosa, revisitar uma pizzaria ou lanchonete querida, mas dessa vez comer ainda mais feliz porque descobriu um novo temperinho ou cobertura que deixou seu prato favorito mais gostoso. Se o resto do jogo mantiver o ritmo do que vimos nas primeiras horas, Doom Eternal caminha para ser um dos lançamentos mais divertidos de 2020.

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Fontes

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