Deepfakes vieram para ficar, diz artista de montagens com Tom Cruise

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

08/03/2021 - 06:002 min de leitura

Deepfakes vieram para ficar, diz artista de montagens com Tom Cruise

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Imagem de Deepfakes vieram para ficar, diz artista de montagens com Tom Cruise no tecmundo

A conta no TikTok que reuniu deepfakes do ator Tom Cruise causou espantou pela qualidade dos vídeos, que deixam poucas pistas de que se tratam de montagens. Porém, o próprio criador desses trabalhos minimizou o impacto dos clipes — e não acha que eles sejam tão perigosos quanto parecem.

O responsável pelos vídeos é o artista de efeitos especiais Chris Ume, um belga que já realizou trabalhos parecidos colocando o rosto de famosos em diferentes situações. Ele foi entrevistado pelo site The Verge, explicando melhor as obras e opinando a respeito da situação atual da inteligência artificial.

"Você não pode fazer isso simplesmente apertando um botão. Isso é importante, é uma mensagem que eu queria passar para as pessoas. Ao combinar computação gráfica tradicional e efeitos visuais com deepakes, eu tornei isso melhor. Garanti que vocês não veriam as falhas", explica. 

Segundo Ume, cada vídeo levou "semanas" de trabalho usando um algoritmo e ferramentas de edição de vídeo profissionais. Ainda de acordo com o artista, o perfil atingiu o seu objetivo de divertir e conscientizar o público sobre a existência de deepfakes, além de ser um portfólio para o próprio profissional. O TikTok não vai deletar a conta, já que ela deixa claro que é uma paródia — e o próprio Tom Cruise recentemente abriu a própria conta por lá.

Em termos de bastidores, ele ainda explicou como fez para recriar Tom Cruise. O segredo foi utilizar um colega, um sósia do astro chamado Miles Fisher, que ao longo do tempo foi capaz de estudar e imitar gestos e impressões do ator, facilitando bastante o trabalho do deepfake.

Sem pânico?

Apesar do uso criminoso em caso de vídeos pornográficos ou para criar montagens de uso político, por exemplo, Ume não acredita em um impacto negativo dos deepfakes. Porém, ele reconhece que essa tecnologia "está aqui para ficar" e que "todo mundo acredita neles".

"É como o Photoshop há vinte anos. As pessoas não sabiam o que era a edição de fotos, e agora elas sabem sobre essas falsificações", completa.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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