Criminosos estão usando o Telegram para espalhar pornô deepfake de brasileiras

Por André Luiz Dias Gonçalves

18/07/2024 - 10:052 min de leitura

Criminosos estão usando o Telegram para espalhar pornô deepfake de brasileiras

Fonte :  Getty Images/Reprodução 

Imagem de Criminosos estão usando grupos do Telegram para espalhar pornô deepfake de mulheres brasileiras no tecmundo

Criminosos estão se juntando em grupos de ódio no Telegram para criar e compartilhar imagens pornô falsas a partir de fotos reais de mulheres brasileiras com o uso de ferramentas de inteligência artificial. Conforme revelou reportagem da BBC nesta quinta-feira (18), as montagens são feitas sob encomenda e geralmente afetam pessoas próximas de quem está pedindo, como vizinhas, colegas e até parentes.

Uma das vítimas foi a bartender “Ana” (nome fictício), que teve uma foto sua modificada por meio da IA. A imagem original, na qual ela está ao lado da mãe, foi alterada para que ambas aparecessem nuas. A mãe da vítima é senhora religiosa de 65 anos.

Ferramentas de IA avançadas otimizam o trabalho de manipulação das fotos. (Imagem: Getty Images)Ferramentas de IA avançadas otimizam o trabalho de manipulação das fotos. (Imagem: Getty Images)

A imagem de pornô deepfake foi compartilhada com um link para o perfil da mulher no Instagram. Ela descobriu que havia sido alvo de um desses grupos por meio de mensagens na rede social e decidiu investigar o caso.

Ana acredita que a montagem seja uma represália a uma postagem compartilhada no Facebook. A publicação alertava que participantes de uma comunidade na plataforma da Meta estavam manipulando fotos de mulheres conhecidas, adicionando rostos das vítimas a cenas de sexo ou inserindo corpos nus nas imagens originais.

Comunidades de pornô deepfake

Em busca dos autores da montagem, a bartender se deparou com várias páginas no Facebook que promovem comunidades de pornô deepfake no Telegram. Durante a investigação, ela conseguiu acesso a um grupo fechado no app de mensagens e compartilhou os detalhes com a BBC.

De acordo com a publicação, os participantes encomendam deepfakes pornô com fotos de mulheres que seriam suas conhecidas e recebem a imagem alterada algum tempo depois. Os diálogos entre eles também chamaram a atenção, com grande quantidade de conteúdos misóginos.

TelegramOs criminosos despejam ódio contra as mulheres em grupos nas redes sociais e no Telegram. (Imagem: BBC/Reprodução)

Ana descobriu os dados de um dos administradores e os repassou à polícia, em São Paulo (SP). Junto com outras vítimas, ela planeja responsabilizar judicialmente as pessoas que cuidam do grupo no Telegram.

O que dizem as plataformas?

À reportagem da BBC, a Meta disse que usa IA e equipes humanas na revisão de conteúdos no Facebook e no Instagram. Segundo a big tech, as postagens que violam as políticas da empresa podem ser removidas.

Já o Telegram informou que tem moderado “conteúdos prejudiciais” desde a sua criação. A plataforma revelou ter um sistema de monitoramento proativo, combinado aos relatos de usuários, capaz de remover “milhões de itens de conteúdo prejudicial todos os dias”.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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