Exército compra software capaz de acessar dados de celulares

Por André Luiz Dias Gonçalves

04/08/2022 - 12:002 min de leitura

Exército compra software capaz de acessar dados de celulares

Fonte :  Unsplash 

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O Exército Brasileiro adquiriu um programa para extrair dados armazenados em celulares, sistemas na nuvem e também de redes sociais, conforme relatou a Folha de S.Paulo na quarta-feira (3). A compra do serviço, o mesmo utilizado na investigação do caso Henry, foi realizada no final do ano passado.

Segundo o jornal, o software é utilizado pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber) para auxiliar investigações do Ministério Público, Instituto Nacional de Criminalística e as polícias Federal e Civil, entre outros órgãos. A divisão é chefiada pelo general Heber Garcia Portella, um dos representantes do Ministério da Defesa na comissão de transparência das eleições.

Ele pode ser acionado para acessar informações em smartphones apreendidos a partir de decisões judiciais. Com a ferramenta, os especialistas da organização militar conseguem recuperar imagens apagadas da memória do telefone, verificar e-mails e mensagens, inclusive não lidas, mesmo com o aparelho bloqueado.

O software é capaz de hackear o celular e liberar acesso a diversos dados.O software é capaz de hackear o celular e liberar acesso a diversos dados.

Checar dados de localização e permitir foco em pessoas com reconhecimento facial automático são algumas das outras funções disponíveis. O programa possibilita ainda acessar informações armazenadas em serviços na nuvem usados pelo proprietário e dados de plataformas como Twitter, Instagram e Facebook, de contas associadas ao celular.

Contrato tem duração até 2024

Documentos obtidos pela publicação indicam que a compra do software Cellebrite UFED, fornecido no Brasil pela TechBiz Forense Digital, teve como justificativa a “alta demanda” de perícias em dispositivos móveis registrada pelo ComDCiber nos últimos três anos. O serviço custou R$ 528 mil e o contrato tem validade até 27 de dezembro de 2024.

Em contato com a Folha, a fornecedora afirmou que o programa é utilizado somente na análise de conteúdos de celulares, serviço de treinamento e suporte técnico, além de ressaltar que “a finalidade específica é de responsabilidade do Exército”. A empresa disse ainda não possuir qualquer informação sobre os acessos feitos por seus clientes.

O programa do Exército para hackear celulares é utilizado em diversos países, mas com finalidades diferentes. Nos Estados Unidos, a ferramenta costuma ser ativada por autoridades policiais em investigações criminais, enquanto em nações com governos autocráticos, ela geralmente serve para acessar dados de opositores.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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