Brasil teve 2,8 bilhões de dados expostos em 2021

Por André Luiz Dias Gonçalves

03/02/2022 - 14:302 min de leitura

Brasil teve 2,8 bilhões de dados expostos em 2021

Fonte :  Unsplash 

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O Brasil continua no topo do ranking mundial de vazamentos de dados, tendo contabilizado mais de 2,8 bilhões de dados sensíveis expostos em 2021. É o que revela o “Relatório de Atividade Criminosa Online no Brasil”, divulgado pela Axur nesta quinta-feira (3).

De acordo com a empresa especializada em monitoramento e reação a riscos digitais, a exposição é fruto dos “megavazamentos” ocorridos ao longo do ano passado, a partir de diversos ataques cibernéticos. A maioria dessas campanhas (64,3%) aconteceu no quarto trimestre.

Endereços de e-mail e credenciais foram os dados mais buscados pelos criminosos virtuais, conforme o levantamento, com 1,13 bilhão e 935 milhões de vazamentos, respectivamente. Na sequência, aparecem os CPFs (699 milhões), CNPJs (40 milhões), passaportes (343 mil) e outros tipos de documentos (7 mil).

A Axur esclarece que, sobre a quantidade de CPFs vazados, o volume é superior ao de habitantes vivos no país pois um mesmo documento pode ter sido identificado em mais de um vazamento.

Os ataques cibernéticos podem causar enormes prejuízos financeiros para empresas e pessoas.Os ataques cibernéticos podem causar enormes prejuízos financeiros para empresas e pessoas.

A companhia afirma ter contabilizado 24 megavazamentos de dados no Brasil em 2021, além de milhares de microvazamentos. Segundo o CEO da Axur Fábio Ramos, o resultado mostra que as empresas precisam investir mais em cibersegurança, infraestrutura e TI, passando a monitorar cada vez mais seus canais digitais.

Cartões em alta, phishing em baixa

O relatório mostrou ainda que os cartões de crédito e débito continuam muito visados. No ano passado, 720.643 cartões foram expostos, número que representa 33,2% dos vazamentos em todo o mundo, deixando o Brasil na liderança também neste quesito.

Deste total, 95,9% dos cartões vazados estavam dentro do prazo de validade, ou seja, se acompanhados do código de segurança (CVV) poderiam ser utilizados em compras, mesmo sem o consentimento do proprietário. A pesquisa aponta ainda que 58,2% deles acabaram vendidos na dark e na deep web.

O cartão é um dos principais alvos dos cibercriminosos.O cartão é um dos principais alvos dos cibercriminosos.

Por outro lado, a empresa detectou uma queda de 36,4% dos casos de phishing, em comparação com 2020, totalizando 25.133 sites falsos identificados. Chamou a atenção o alto número de detecções ocorridas entre os dias 15 e 30 novembro, que os especialistas afirmam terem sido relacionadas aos golpes visando a Black Friday.

Apps falsos

O monitoramento constante levou à diminuição do uso indevido de marcas (queda de 14,7%) com a criação de páginas fraudulentas, mas levou os golpistas virtuais a investir em novas técnicas. Uma delas foi a criação de apps falsos, que aumentou 103,4% em 2021.

Mais de 13 mil aplicativos fraudulentos para smartphones foram identificados pela firma no ano passado, a maioria (97%) disponibilizados fora das lojas oficiais do Android e do iOS. A distribuição ocorre no formato APK e pode trazer uma série de riscos para os dispositivos afetados.

Cuidado com os apps instalados fora das lojas oficiais.Cuidado com os apps instalados fora das lojas oficiais.

Grande parte desses apps falsos se passa por plataformas supostamente pertencentes a lojas e marcas legítimas, capturando credenciais de acesso e outros dados dos usuários. Alguns deles também são capazes de registrar tudo o que for digitado no celular, tirar fotos e gravar ligações.

A senha mais usada pelos brasileiros

O relatório de atividade criminosa na internet da Axur também traz dados interessantes sobre o vazamento de credenciais, que teve grande alta no segundo trimestre, especialmente em junho. Naquele mês, ocorreram 41,2% do total de exposições anuais.

Ainda neste quesito, o levantamento mostra que a sequência numérica “123456” continua sendo a senha mais usada no Brasil. Os especialistas afirmam que esse tipo de código pode ser facilmente descoberto em menos de um minuto em ataques cibernéticos, reforçando a necessidade de criar senhas mais fortes.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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