Trolls de Donald Trump são financiados pelo fundador da Oculus Rift

Por Felipe Payão

23/09/2016 - 08:562 min de leitura

Trolls de Donald Trump são financiados pelo fundador da Oculus Rift

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Imagem de Trolls de Donald Trump são financiados pelo fundador da Oculus Rift no tecmundo

Donald Trump segue uma campanha agressiva nos EUA e, como não podia ser diferente, os seguidores do empresário norte-americano acabam pegando ainda mais pesado na internet. Ao contrário de milhões de pessoas que defendem políticos com unhas e dentes sem ganhar um tostão por isso, uma boa parte dos seguidores de Donald Trump são financiados para cometerem atos de "shitposting" na internet. Ou seja: inundar a web com postagens que criam lixo e incitam o ódio.

Um dos fundadores desses trolls de Trump é Palmer Luckey, dono da companhia de realidade virtual Oculus Rift. De acordo com o próprio ao The Daily Beast, ele utiliza sua reserva financeira pessoal para fundar a criação de memes, por exemplo, que batem na concorrente de Trump, Hillary Clinton.

Shitposting é a falta de habilidade em desenvolver uma postagem construtiva

Ao jornal, Palmer Luckey afirmou que doou "fundos significantes" para o grupo Nimble America. O Nimble America se descreve como uma organização sem fins lucrativos dedicada ao "shitposting" na vida real.

"Shitposting" é a falta de habilidade de uma pessoa ou um grupo em desenvolver uma postagem ou um argumento construtivo. São textos e imagens que não adicionam informação útil e, normalmente, envolvem assuntos sensíveis. Ou seja, são um desserviço para qualquer pessoa desinformada — vemos muito disso por aí, não?

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Money, money, money

A Oculus Rift foi comprada pelo Facebook por cerca de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões). Dessa quantidade, acredita-se que Palmer tenha ficado com US$ 700 milhões (cerca de R$ 2,2 bi). "Eu abordei com grupo com a frase: 'hey, eu tenho uma boa quantidade em dinheiro. Gostaria de ver mais dessas coisas", comentou o inventor da Oculus.

Luckey também afirmou que apoia as ambições presidenciais de Donald Trump "há anos". Um dado interessante é que o vulgo utilizado por Luckey ao postar em fóruns da Nimble America é "NimbleRichMan", ou como "Homem Rico da Nimble". Com esta alcunha, ele também escreveu o seguinte:

Palmer Luckey, agora, trabalha para o Facebook

"A revolução norte-americana foi fundada por indivíduos ricos. Você não pode lutar contra a elite americana sem um verdadeiro poder de fogo. Eu tenho bastante dinheiro, e dinheiro não é o meu problema."

Ao Daily Beast, a Nimble America comentou que havia levantado cerca de US$ 11 mil antes de seu lançamento. Desse dinheiro, Dustin Ward, fundador da Nimble, disse que a maioria foi utilizada para pagar advogados. Por outro lado, uma declaração financeira da organização mostra que cerca de US$ 9,3 mil foram gastos em propaganda no Facebook e cartazes — outros gastos incluem coisas como "operações de website".

Vale notar que Palmer Luckey, agora, trabalha para o Facebook. Então, assim que houver alguma declaração da equipe de Mark Zuckerberg, atualizaremos a notícia.

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Revolta de desenvolvedores

Muitos desenvolvedores de programas e jogos em realidade virtual anunciaram que vão parar de oferecer suporte para o Oculus Rift por causa da atitude de Palmer Luckey, mostrando que a notícia não caiu bem para o fundador da companhia de VR.

"Estou abandonando o suporte de Tower Underwold Online V ao Oculus por causa das políticas de Palmer Luckey", comentou uma desenvolvedora. "Hey, Oculus. As ações de Palmer Luckey são inaceitáveis. A Newton VR não vai mais dar suporte ao Oculus Touch enquanto ele estiver trabalhando aí", disse outro desenvolvedor. A Scruta Games também twittou sobre o assunto: "Até que Palmer Luckey desista de sua posição na Oculus, não cancelaremos o suporte para os nossos games".

HTC Vive é alternativa

Uma das maiores desenvolvedoras parceiras, a Northway Games, ainda não forneceu uma declaração oficial. Porém, o fundador da empresa twittou que está "definitivamente usando toda a fibra de seu 'profissionalismo' para não escrever algo sobre isso agora".

Hoje, o mercado de realidade virtual ainda não está completamente estabelecido, mas já existem alternativas ao Oculus Rift, como o HTC Vive, e você pode saber mais sobre ele aqui.


Felipe Payão é jornalista. Cobre a editoria de cibersegurança com foco em cibercrime há oito anos e possui dois prêmios especializados: ESET América Latina e Comunique-se 2021.


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