Nanorrobôs de DNA são usados para medicar baratas vivas

Por Felipe Gugelmin Valente

09/04/2014 - 03:022 min de leitura

Nanorrobôs de DNA são usados para medicar baratas vivas

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Imagem de Nanorrobôs de DNA são usados para medicar baratas vivas no site TecMundo

(Fonte da imagem: Reprodução/Orkin)

Usando somente o DNA de baratas, cientistas foram capazes de criar computadores em escala nanométrica que atuam de forma semelhante aos equipamentos de silício que encontramos normalmente em casas e escritórios. Batizados como “robôs origami” devido à maneira como funcionam, esses dispositivos mostram a capacidade de viajar pelas células dos insetos e interagir entre si de forma a medicar esses animais.

“Nanorrobôs de DNA têm o potencial de executar programas complexos que, um dia, podem ser usados para diagnosticar ou tratar doenças com um grau de sofisticação sem precedentes”, afirmou ao New Scientit o bioengenheiro Daniel Levner, do Instituto Wyss da Universidade de Harvard.

Junto a seus colegas da Universidade Bar Ilan, em Israel, Levner desenvolveu pequenas máquinas que funcionam a partir do princípio de que o DNA se organiza no formato de uma hélice. Com essa propriedade, os pesquisadores conseguiram criar pequenos filamentos que se desenrolam em determinadas condições para realizar alguns objetivos bem específicos — como entregar pequenos pacotes de medicamentos a células afetadas por doenças, por exemplo.

Poder de um computador de 8 bits

Para testar o novo método, os cientistas injetaram diversas espécies de nanorrobôs identificados por marcadores fluorescentes em diversas baratas — algo que permitiu acompanhar facilmente a ação dos pequenos filamentos de DNA. O resultado obtido se mostrou bastante positivo, visto que a precisão e o controle das ações executadas se mostrou semelhante àquele obtido por sistemas computacionais tradicionais.

“Essa é a primeira vez que uma terapia biológica foi capaz de se igualar à maneira como um processador funciona”, afirma o coautor do projeto, Ido Bachelet, do Instituto de Nanotecnologia e Materiais Avançados da Bar Ilan University. Segundo Ángel Goñi Moreno, do Centro Nacional de Biotecnologia de Madri, isso abre um precedente animador para o desenvolvimento de novas técnicas de controle ambiental e tratamento de doenças.

Segundo os responsáveis pelo projeto, o poder computacional presente nas baratas pode ser comparado ao de um computador de 8 bits Commodore 64 ou ao Atari 800. “O mecanismo parece fácil de escalonar, então a complexidade dos cálculos vai se tornar mais alta em breve”, afirma Moreno.

Entre os aspectos que chamam a atenção na tecnologia está seu grande potencial de resultar em novos tratamentos para o câncer devido à possibilidade de realizar o tratamento de células específicas. A expectativa é a de que os primeiros testes envolvendo mamíferos sejam iniciados dentro de um período de cinco anos, período durante o qual a equipe acredita ser capaz de encontrar métodos de driblar a resposta agressiva que o organismo de animais do tipo apresenta em relação a objetos estranhos.


Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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