Diretor do MIT apresenta projeto de mapeamento de problemas em favelas do RJ
Por Felipe Arruda
21/06/2012 - 11:19•3 min de leitura
Imagem de Diretor do MIT apresenta projeto de mapeamento de problemas em favelas do RJ no site TecMundo
Casalegno apresentou projetos desenvolvidos por sua equipe no MIT (Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)
Durante sua fala no fórum InfoTrends 2012, que acontece hoje (21), em São Paulo, o diretor do Laboratório de Experiência Móvel do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Federico Casalegno, apresentou alguns projetos conduzidos por sua equipe e que têm a mobilidade e o fator social como pilares fundamentais.
Entre eles, destaca-se o Rio Youth Mapping, programa realizado em parceria com a Unicef e que disponibiliza smartphones e internet para que jovens de comunidades cariocas possam mapear problemas ambientais enfrentados pelos moradores da região em que vivem. A ideia é que esse material sirva de informação oficial e atualizada de regiões cuja geografia é pouco conhecida ou documentada com imagens desatualizadas de satélites.
Para a tarefa, jovens foram treinados para usar celulares com GPS e capturar fotografias e vídeo com geotag. Imagens aéreas, que exigiriam o uso de equipamentos mais caros, como helicópteros, foram improvisadas com a ajuda de pipas e balões, que levaram os equipamentos para o alto.
O mapa criado por esse projeto pode ser consultado na internet e, principalmente, servir como argumento para que a comunidade possa cobrar soluções do governo, além de mostrar para a Unicef e para o mundo a situação atual da região.
Ridelink: evitando acidentes
Outro projeto curioso desenvolvido pela equipe de Casalegno usou as tecnologias móveis para aproximar os jovens da província de Bréscia à campanha do governo local que visava diminuir os acidentes automobilísticos causados pelo consumo de álcool.
Ao usar viaturas policiais pra aconselhar os jovens que saíam para a “balada”, o governo percebeu que a mensagem não estava se espalhando como devia. Portanto, o MIT ajudou os responsáveis a remodelar esse projeto tão importante. Em vez de oficiais uniformizados, foi implantada uma rede social pela qual é possível encontrar caronas fornecidas por voluntários sóbrios.
Os cadastrados no programa Ridelink usam um bracelete capaz de realizar o teste do bafômetro e, ao constatar que passaram da conta, eles podem pedir ajuda na rede social por meio de seus celulares. Mas não é só isso. A pessoa responsável por ceder a carona também precisa passar pelo bafômetro antes de se dispôr a ajudar, o que torna o sistema mais confiável.
Durante o período de testes, o projeto também foi expandido para começar a atender outros casos, como pessoas idosas ou com problemas de locomoção e que não podiam sair de casa para fazer compras. A tecnologia foi usada como forma de criar confiança e colaboração entre os cidadãos da província.
Objetos inteligentes
Que tal uma tábua de cortar legumes que se comunica com um tablet? Esse foi o projeto desenvolvido durante uma maratona organizada pelo laboratório dirigido por Casalegno. Já que cozinhar e consultar simultaneamente um dispositivo touchscreen pode causar alguns contratempos, a solução encontrada foi modificar o utensílio doméstico.
Para isso, sensores instalados na tábua e na faca ajudam não apenas a avançar as etapas da receita, mas também a estimar quanto de uma cebola, por exemplo, ainda falta ser picada. Esse tipo de interação evitaria a presença de marcas de dedos sujos na tela do gadget.
Casalegno explicou que a comunicação entre objetos do cotidiano já é uma realidade e que dominamos essa tecnologia, porém ainda estamos encontrando os modelos de negócio e aplicação dessas ideias, para que essas maravilhas se tornem mais presentes em nossas vidas.
Casa experimental une tecnologia e ecologia
Ainda em andamento, este é, provavelmente, um dos projetos mais ambiciosos do laboratório do MIT. A Green Home Alliance é um programa desenvolvido em parceria com a Fondazione Bruno Kessler para imaginar e desenvolver uma casa experimental e em tamanho real na Itália, combinando técnicas de arquitetura sustentável, uso inteligente de energia, sustentabilidade e tecnologia.
Essa residência seria capaz, por exemplo, de identificar que o morador está lendo no escritório e, com isso, apagar automaticamente as luzes de outros cômodos, já que os sensores não estão detectando movimentos. Além disso, as janelas também ajustam a transparência automaticamente, de acordo com a luminosidade do ambiente.
Futuro de apps e celulares
Para Casalegno, os smartphones e seus aplicativos são usados, basicamente, como forma de comunicação. Mas, no futuro, ele acredita que será explorada também a mineração de dados, ou seja, a possibilidade de extrairmos informações relevantes por meio das informações que são armazenadas diariamente nesses dispositivos.
Seria possível, por exemplo, detectar a epidemia de uma doença em determinado bairro, pelo simples uso que os moradores daquela região podem estar fazendo de seus celulares. Isso ajudaria a alertar outros moradores sobre a ameaça.
Pelo visto, mais do que uma "máquina de jogar Andry Birds", tablets e smartphones podem se tornar ferramentas essenciais em um futuro próximo.