A gigante chinesa Xiaomi apresentou recentemente o seu novo processador de fabricação própria, o XRING 01. Só que essa empreitada recente da companhia pode sofrer um baque inesperado graças às recentes disputas comerciais entre Estados Unidos e China.
De acordo com o Financial Times, a companhia será uma das mais prejudicadas por uma nova sanção aplicada pelos EUA: a proibição de que empresas norte-americanas licenciem softwares do tipo EDA (sigla para Electronic Design Automation, ou projeto de circuitos integrados na tradução para o português) para empresas do país asiático.
- Saiba mais: Xiaomi Pad 7 Ultra: tudo sobre o novo tablet premium da fabricante chinesa com chip inédito
O que são softwares EDA?
Programas do tipo EDA são ferramentas digitais utilizadas em várias etapas da produção de chips. Eles são utilizados para elaboração de projeto, concepção e definição técnica de placas de circuito impresso e outros componentes de um processador.
O uso desse tipo de plataforma acelera e torna mais preciso o método de design de um chip. Ele faz isso normalmente a partir de simulações virtuais, utilizando também tecnologias de inteligência artificial (IA) para ampliar a quantidade de cenários e possibilidades nos testes.
Dessa forma, um software EDA pode "montar" chips nas mais diferentes configurações e prever se o componente apresenta defeitos ou incompatibilidades, por exemplo. Isso acelera o desenvolvimento da peça, além de reduzir as chances de defeitos graves.
O prejuízo para Xiaomi e outras empresas
Empresas como a Xiaomi criam os próprios chips com a ajuda de softwares EDA e, posteriormente, encomendam a fabricação desses componentes de empresas donas de linhas de produção, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).
- Leia também: Empresas, MEIS e lojistas podem economizar em produtos de tecnologia por meio do Fujioka Distribuidor
Com a proibição, companhias chinesas — que incluem também a Lenovo, entre outros exemplos — não poderão mais adotar serviços de marcas como Synopsys e Cadence. O uso dessas plataformas pode não ser banido para quem já é cliente, mas essas empresas provavelmente não poderão atualizar ou solicitar suporte técnico.
)
Dessa forma, alguns chips podem ficar "parados no tempo", já que não será possível evoluir as atuais gerações tão rapidamente, atrasando planos de expandir o uso do XRING 01 em cada vez mais dispositivos.
Uma das alternativas possíveis é utilizar os serviços de empresas chinesas de softwares de EDA, como a Empyrean Technology — ainda restrita a chips de arquitetura de 7 nm. A Huawei, há anos vítima de sanções dos EUA, também possui uma divisão própria desses programas.
O Financial Times relata ainda que algumas startups já recorrem até a versões desbloqueadas de softwares agora banidos. O bloqueio deve ser detalhado em breve e ainda não tem data para entrar em vigor.
O “tarifaço” de Trump foi recentemente suspenso pelo Judiciário dos EUA, mas o cenário ainda é incerto. Quer se manter informado sobre esse e outros temas? Continue ligado no site do TecMundo para mais notícias da indústria!