Uber vai indenizar passageira cega que teve corridas recusadas

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

04/04/2021 - 09:302 min de leitura

Uber vai indenizar passageira cega que teve corridas recusadas

Fonte :  Lisa Irving/SF Chronicle 

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A Uber foi condenada a pagar um total de US$ 1,1 milhão em uma ação judicial movida por uma passageira contra a empresa. O motivo é a falta de suporte de motoristas da plataforma que recusavam corridas a ela, que é uma pessoa cega, e ao cão-guia que a acompanha.

Segundo o jornal San Francisco Chronicle, a norte-americana Lisa Irving teve ao menos 60 corridas recusadas no momento em que o condutor chegava para pegá-la e via que teria que levar também Bernie, o labrador treinado que a acompanha.

Ao ser deixada sem carona, Lisa chegou a perder diversos compromissos até encontrar outras corridas — incluindo consultas ao médico, a própria festa de aniversário e uma celebração de véspera de Natal na igreja. 

Lisa e Bernie.Lisa e Bernie.

Em algumas ocasiões, os condutores eram agressivos e ameaçavam deixá-la no meio da rua por causa da presença do animal.

Ajuda prevista por lei

Uma legislação específica do país, a Americans with Disabilities Act, habilita pessoas com deficiência visual a terem cães-guia como acompanhantes, inclusive no transporte de veículos. Na página de suporte da Uber, há regras bem claras indicando que, "de acordo com as leis de acessibilidade vigentes, os animais de serviço devem ser acomodados". Problemas podem ser relatados ao preencher um formulário especial.

Ao todo, a norte-americana vai receber US$ 324 mil em danos, sendo que o resto do valor (cerca de US$ 805 mil) servirá para cobrir os custos legais do processo.

Em 2016, a empresa já havia fechado um acordo de US$ 2,6 milhões após denúncias de discriminação contra pessoas com cães-guia e prometeu mudar as políticas na época.

O lado da Uber

Inicialmente, a Uber recusou um acordo e tentou se defender da acusação ao citar que não é responsável por eventuais comportamentos discriminatórios por parte dos motoristas — a não ser que seja obrigada por lei, a empresa não os considera como seus funcionários, mas sim parceiros de plataforma.

Após a condenação, ela emitiu um posicionamento diferente se comprometendo com a causa. 

"Nós estamos orgulhosos que a tecnologia da Uber ajudou pessoas que são cegas a encontrar e obter corridas. Espera-se que motoristas usando o app da Uber ajudem passageiros com animais de acompanhamento e obedeçam a acessibilidade e outras leis, e regularmente promovemos educação para os motoristas sobre essa responsabilidade", diz a companhia.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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