Intel deve tirar produção de chips dos EUA e terceirizar na Ásia

Por Julia Marinho

03/11/2020 - 11:302 min de leitura

Intel deve tirar produção de chips dos EUA e terceirizar na Ásia

Fonte :  Intel/Divulgação 

Imagem de Intel deve tirar produção de chips dos EUA e terceirizar na Ásia no tecmundo

Mesmo com todos os esforços que o presidente americano Donald Trump fez para fortalecer a indústria doméstica de semicondutores, os EUA podem não ser mais o líder mundial do segmento: a queda pode estar na decisão da Intel (a ser anunciada em janeiro) de, em 2021, terceirizar a produção de seus produtos mais avançados, entregando-a a parceiros na Ásia. 

Se antes seus laboratórios desenvolviam chips que eram fabricados apenas para unidades Intel pelo mundo, em 2021 a empresa deve abandonar esse modelo e transferir a produção de ponta para parceiros asiáticos (entre eles, alguns de seus rivais) fabricarem os chips de tecnologia mais avançada.

Dos laboratórios em Hillsboro saíram os chips mais avançados do mundo.Dos laboratórios em Hillsboro saíram os chips mais avançados do mundo.

Segundo o analista da consultoria VLSI Research Dan Hutcheson, “as empresas sempre dizem que estão fazendo uma transição. O que descobrem é que, na verdade, estão em um caminho que praticamente não tem volta”.

A empresa alega que a terceirização não significa o fechamento de suas unidades no estado norte-americano do Oregon (incluindo os laboratórios de pesquisa em Hillsboro). Hoje, um terço de sua produção já é terceirizada. O problema, segundo analistas, é se a Intel vai conseguir conciliar a produção de produtos avançados no exterior com a produção interna de componentes e produtos mais antigos e menos sofisticados.

Tempos ruins

“Ninguém foi capaz de fazer esse esquema funcionar: é muito caro manter fábricas próprias e, ao mesmo tempo, terceirizar a tecnologia mais valiosa. É como ter dois cônjuges”, disse Hutcheson ao jornal The Oregonian.

Em meados desse ano, a Intel perdeu, em apenas um dia, US$ 40 bilhões em valor de mercado, ao anunciar que o desenvolvimento de sua próxima geração de chips de 7 nanômetros está um ano atrasada.

Essa falha no cronograma veio se somar aos casos semelhantes dos processadores de 14 nm e 10 nm; o tropeço afastou investidores e clientes que não mais confiam na Intel para entregar chips novos regularmente – a razão de ela ter se tornado um dos líderes no segmento.

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