A história da HTC, a primeira que lançou um smartphone Android [vídeo]

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

12/09/2017 - 06:125 min de leitura

A história da HTC, a primeira que lançou um smartphone Android [vídeo]

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A série de história da tecnologia volta para o outro lado do mundo. No mais novo capítulo, vamos conhecer uma marca que fez muito barulho em pouco tempo e ajudou a construir a indústria dos smartphones, mas hoje perdeu força e luta para sobreviver no mercado.

É a HTC, uma marca taiwanesa que inclusive teve representação durante vários anos no Brasil. Ela é mais conhecida pelos celulares modernos, mas já se arriscou em outros mercados e tem grande importância em outra história que já foi contada por aqui, a do Android. Quer saber o que aconteceu? Confira o vídeo e o artigo abaixo produzidos pelo TecMundo.

Origem tímida

A HTC foi fundada em Taiwan, no ano de 1997, por HT Cho, Peter Chou e a filha de um dos homens mais ricos do país, Cher Mi Wang. Esse já é um diferencial positivo em relação a outras histórias, já que há uma mulher entre as sócias iniciais de uma marca.

A sigla significa High Tech Computer Corporation e começou com algumas ideias que não deram muito certo, além de fabricar aparelhos de forma licenciada para a Palm e a Microsoft. O primeiro produto dela mesma saiu em 97 e foi o HTC Kangaroo.

Ele era um dos poucos assistentes pessoais digitais sem fio da época e estreou o Windows CE, uma versão compacta do sistema da Microsoft.

undefinedO HTC Kangaroo

Já em 1998, saiu o primeiro notebook da série Achenza e mais alguns PCs da lendária Palm para o mercado asiático. Ela também começa a fabricar modelos do assistente pessoal iPAQ, da Compaq.

Os produtos tinham qualidade, mas eram sem qualquer destaque. Com a empresa quase falindo ainda no começo, a cofundadora Wang decide recomeçar, focar em um só mercado e aposta só em mobile. Não podia ter sido uma escolha melhor.

Um pequeno grande salto

Nesse começo, a HTC lançava aparelhos que juntavam telefone com funções de assistentes pessoais. Operadoras do mundo inteiro começaram a olhar com carinho para essa marca pequena que fabricava modelos bem interessantes para outras empresas.

Por isso, a gente dá um salto no tempo direto para 2004, quando começaram a aparecer alguns produtos de destaque. Um deles era o HTC Blue Angel, primeiro celular da marca com teclado físico deslizável, rodando Windows Mobile 2003.

Teve ainda o primeiro smartphone Windows com 3G, o HTC Universal.

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E, abaixo, você vê um dos primeiros celulares funcionando totalmente via tela sensível ao toque, o HTC Touch.

undefinedHTC Touch

A Touch Diamond tinha um visual bem diferentão, mas ficou só nos mercados asiáticos.

undefinedO Diamond não fez tanto sucesso, mas tem uma aparência no mínimo peculiar

Ela comprou nesse mesmo ano a Dopod International, uma distribuidora mobile que era um nome forte no Oriente. Agora sim ela entra no jogo dos peixes grandes.

A era do Android

A HTC foi a fabricante do primeiro smartphone com Android do mercado. O nome dele era HTC Dream e ele saiu em setembro de 2008. Ele foi bastante elogiado pelo hardware e pelo design com teclado deslizável na horizontal. Por outro lado, o Android foi bastante criticado pela simplicidade, apesar de mostrar potencial.

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Ele foi sucedido pelo HTC Magic, que era totalmente touchscreen, com tela de 3,2 polegadas e lançamento em 2009. Mas o grande nome desse ano foi o HTC Hero, que concorria com o primeiro Samsung Galaxy. Por incrível que pareça, ele foi o primeiro smartphone da empresa que teve uma entrada tradicional de fones de ouvido de 3,5 mm.

undefinedHTC Hero

Já em 2010 estreiou o Nexus One, primeiro da família Nexus da Google e com uma trackball de navegação. Mas seus principais destaques eram de interface, como navegação de voz para motoristas e transformar áudios em texto.

undefinedNexus One

A HTC ainda começou a duradoura linha Desire no mesmo ano, aproveitando boa parte das funções e do hardware do Nexus One. Só que ele tinha algumas diferenças, como a interface da marca para Android, rádio FM e um trackpad para navegação. Por fim, saiu ainda o HTC Evo 4G, o primeiro aparelho com 4G dos Estados Unidos.

No auge

Nessa época, a HTC já era uma queridinha dos dois lados do mundo, sempre com smartphones cheios de diferenciais. E ela se tornou por pouco tempo a terceira maior fabricante de smartphones do mundo, passando a Nokia e só perdendo para Apple e Samsung.

A HTC focava muito em parcerias locais com operadoras, mas pouco em marketing, e logo despencou nessa guerra.

Em 2011, ela começou a desenvolver sistemas inteligentes para carros ao lado da taiwanesa Luxgen. Já em 2012, começou a linha HTC One com vários modelos, como o X, XL, XT, S e V. O X foi o primeiro quad-core da marca e deu início à linha mais famosa de toda a empresa. Essa marca foi reaproveitada em 2013, com o HTC One M7, primeiro com corpo metálico e que ganhou vários prêmios de melhor smartphone do ano.

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Ele ainda estreou as tecnologia BoomSound com dois alto-falantes frontais e a câmera UltraPixel, além de ganhar versões Max e Mini. Nesse ano, a marca investiu pesado em publicidade e lançou uma campanha com ninguém menos que Robert Downey Jr.

O sucessor foi o HTC One M8. Ele tinha uma tela de 5 polegadas Full HD e uma câmera dupla na traseira, que era uma supernovidade.

Outros mercados

As boas notícias também surgiram fora do mercado. Em 2012, a HTC e a Apple acabaram uma guerra de patente de dois anos. Começou com a Maçã acusando a rival de plágio e depois se inverteu com a HTC a acusando de quebrar patentes. Elas fizeram um acordo de valores não divulgados, com dez anos de duração.

Para mostrar que ela não lança só telefone, saiu ainda em 2014 a câmera HTC RE. Ela parecia aqueles inaladores para quem tem asma, mas foi bastante elogiada na época pela simplicidade e pela leveza. Nesse ano, a HTC ainda fabricou o tablet Nexus 9 para Google.

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E o mundo da realidade virtual foi balançado em 2015 pelo HTC Vive. Ele é o mais caro entre os dispositivos desse setor, mas é considerado também o mais completo e poderoso, com sensores precisos e um ótimo controle.

Difícil competição

Mas a linha HTC One continuou. O M9 não foi bem recebido por causa da falta de originalidade, então a empresa tentou ganhar de novo o mercado com o “premium de baixo custo” A9. Já o HTC 10 perdeu a letra “M” e foi o primeiro do mercado com estabilização óptica de imagem nas duas câmeras.

O U11 e o U11 Ultra de 2017 se destacam pela tecnologia edge sense, em que você “espreme” as laterais do celular para ativar certos comandos. A câmera também continua como um dos destaques.

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A empresa ainda foi a responsável pela primeira geração de smartphones Pixel, embora essa parceria não seja divulgada pela Google. Fora dos smartphones, a pulseira fitness UA Band foi lançada em parceria com a Under Armour.

Em 2015, o CEO Peter Chou saiu do cargo para chefiar o laboratório da HTC para desenvolvimento de projetos do futuro.

undefinedCher Wang é a atual CEO.

Cher Wang entrou em seu lugar e está no cargo até hoje. Já o outro sócio, o HT Cho, cuida da HTC Foundation, que é o braço filantrópico da empresa. É curioso como os três cofundadores foram os únicos CEOs da empresa até agora.

E por aqui?

E vale lembrar da atuação da empresa no Brasil! A empresa taiwanesa chegou ao país em 2007 e encerrou as atividades por aqui em 2012. Modelos com Android e Windows Phone fizeram um sucesso relativamente alto e criaram uma base fiel de fãs.

A carga tributária  sempre ela  e a baixa margem de lucro no país foram os principais motivos apontados, caso parecido com o da Xiaomi. Atualmente, só existe suporte para os consumidores que compraram aparelhos da marca aqui no Brasil. Eles não são mais tão vantajosos de importar e marcas como a OnePlus acabaram roubando o mercado.

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Se você quiser ver a história de outras empresas contadas aqui no TecMundo, é só deixar a sugestão nos comentários. Confira abaixo as que já apareceram neste quadro:


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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