WiFi 802.11 ax, a nova geração das conexões sem fio

Por Felipe Gugelmin Valente

27/06/2014 - 09:123 min de leitura

WiFi 802.11 ax, a nova geração das conexões sem fio

Fonte : D-Link

Imagem de WiFi 802.11 ax, a nova geração das conexões sem fio no site TecMundo

Mal a WiFi Alliance terminou as certificações da especificação 802.11 ac, o grupo já começou a trabalhar em uma nova geração de conexões sem fio. Com a promessa de oferecer velocidades nunca vistas antes (que já batem a casa dos 10 Gbps), o padrão 802.11 ax promete chegar em breve ao mercado, tendo o potencial de revolucionar a maneira como lidamos com comunicações e a transferência de arquivos.

A forma mais fácil de entender como a novidade vai funcionar é observar o comportamento do padrão 802.11 ac, capaz de trabalhar com quatro streams espaciais (MIMO), cuja eficiência espectral é usada ao máximo (o que aumenta a quantidade de dados que podem trafegar simultaneamente). Funcionando de forma semelhante, o padrão ax usa a banda de 5 GHz, podendo aproveitar canais que usam frequências que variam entre 80 MHz e 160 MHz.

Padrões e frequências

Cada um dos streams espaciais MIMO usados pelo padrão é multiplicado com a tecnologia OFDA (divisão ortogonal de frequência de acesso). Nesse ponto, surge alguma confusão entre a Huawei e a WiFi Alliance, visto que documentos também mencionam a técnica OFDMA, usada, entre outros meios, para possibilitar as velocidades alcançadas pelo padrão LTE — assim, é possível que a nova sigla seja somente uma nova forma de falar sobre algo que já é conhecido pela indústria.

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Em resumo, o OFDA se refere a um método de divisão de frequências no qual cada canal é separado em dúzias ou até mesmo centenas de subcanais menores, cada um deles operando em uma frequência ligeiramente diferente. A junção ortogonal desses sinais permite que eles operem de maneira muito próxima entre si e que as informações enviadas a partir desse sistema sejam juntadas com facilidade.

Segundo a Huawei, o uso do OFDA permite aumentar em até 10 vezes a eficiência espectral de uma conexão — o que, em teoria, se traduz em um bandwith máximo 10 vezes maior. Segundo a WiFi Alliance, a expectativa inicial é que o padrão 802.11 ax apresente uma velocidade quatro vezes maior que seu antecessor em um momento inicial.

Quão veloz é o padrão?

Usando como base a estimativa mais conservadora da WiFi Alliance e um canal de 160 MHz, em teoria a velocidade máxima de um único stream 802.11 ax pode chegar a 3,5 Gbps — em comparação, o padrão 802.11 ac chega a 866 Mbps nas mesmas condições. Multiplicando isso em uma rede MIMO 4x4, atingimos a capacidade total de 14 Gbps.

Em teoria, caso você esteja usando um smartphone ou tablet capaz de trabalhar com dois ou três streams simultâneos, seria possível acessar a internet com velocidades que variam entre 7 Gbps e 10,5 Ggbps — ou seja, jogos considerados “gigantescos” como Assassin`s Creed IV poderiam ser baixados em questão de segundos.

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Já em um cenário mais realista, no qual são empregados canais de 80 MHz, um único stream poderia lidar com a velocidade de 1,6 Gbps (aproximadamente 200 MB/segundo). Usando uma rede MIMO, esse valor poderia ser ampliado e variar entre 400 MB/segundo até 600 MB/segundo.

Obviamente, esses números podem ser ainda maiores caso as expectativas da Huawei se provem realidade. De qualquer forma, independente do critério utilizado, a tecnologia ainda se mostra bastante superior à do padrão 802.11 ac em matéria de eficiência.

Confiabilidade, distância máxima do sinal e outros fatores

Até o momento, a Huawei e a WiFi Alliance ainda não mencionaram algumas características do padrão 802.11 ax que têm grande importância para o consumidor final — entre elas, a capacidade da tecnologia em lidar com instabilidades e interferências externas. Embora a Huawei assegure que a novidade conta com uma “alocação de espectro inteligente” e uma “coordenação de interface competente”, até o momento isso parece simplesmente uma repetição de opções que hardwares WiFi atuais já apresentam.

Apesar da falta de dados, é seguro presumir que o alcance da nova rede vai ser semelhante ou um pouco maior do que o visto nos padrões atuais. Além disso, a confiabilidade do sinal deve ser ligeiramente aprimorada graças ao uso do OFDA, que também deve ajudar a acabar com possíveis congestionamentos no envio de dados.

Na prática, o padrão não deve apresentar tantas diferenças para o usuário final, a não ser no quesito velocidade máxima alcançável. Enquanto o 802.11 ac já se apresenta como uma solução muito boa, o 802.11 ax simplesmente deve levar o cenário WiFi para um patamar ainda mais alto.

Afinal, precisamos de tanta velocidade?

Apesar de o pensamento comum associar maiores velocidades a uma experiência mais agradável, o patamar básico de 100 MB/s que a novidade pode alcançar pode gerar alguns problemas. Isso porque essa velocidade dificilmente é alcançada por um disco rígido, tampouco se adapta às memórias flash normalmente usadas em smartphones, cuja velocidade de escrita fica na casa dos 20 MB/s.

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Assim, para realmente aproveitar a tecnologia será preciso contar com múltiplos SSDs escrevendo dados de forma simultânea. Ainda assim, a novidade se mostra uma solução bem-vinda para eliminar problemas de banda gerados pelo streaming de vídeos em resolução Ultra HD, por exemplo.

A expectativa é que todos os detalhes do padrão 802.11 ax estejam acertados até algum momento de 2018, ano no qual a certificação deve ser liberada para uso comercial. Até lá, fica a esperança de que os planos de conexão oferecidos pelas operadoras evoluam e não tenhamos que lidar mais com um mercado no qual até mesmo a velocidade de 1 Gbps é um sonho distante para muitas pessoas.


Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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