Presidente do Google critica PL das Fake News por critérios vagos

Por Iraci Falavina

04/04/2022 - 06:301 min de leitura

Presidente do Google critica PL das Fake News por critérios vagos

Fonte :  Reprodução/Google 

Imagem de Presidente do Google critica PL das Fake News por critérios vagos no tecmundo

Fabio Coelho, presidente da Google Brasil, publicou no blog da empresa um manifesto em que critica o texto final do Projeto de Lei 2630/2020, mais conhecido como PL das Fake News, dizendo que ele pode ajudar a financiar desinformação. Coelho se concentra principalmente no artigo 38 do Projeto de Lei, que estabelece o pagamento de quaisquer conteúdos jornalísticos veiculados por empresas digitais. 

O projeto não destaca o que pode ser considerado "conteúdo jornalístico" e nem quais usos exigiriam o pagamento. Dessa forma, "o Google seria obrigado a pagar a produtores de conteúdo apenas por exibir seus sites nos resultados de pesquisa", explica Coelho. "Do jeito que está, o projeto prejudica profundamente o funcionamento de um serviço gratuito e aberto que foi construído para atender a todos".

Presidente da Google acredita que o PL pode favorecer ainda mais a desinformaçãoPresidente da Google acredita que o PL pode favorecer ainda mais a desinformação

Projeto possui critérios vagos

Sem definições explícitas, o projeto possibilita que qualquer pessoa jurídica (mesmo individual) que afirme ser um produtor de conteúdo há pelo menos um ano e elabore conteúdo jornalístico "original de forma regular, organizada, profissionalmente e que mantenha endereço físico e editor responsável no Brasil" seja paga pela exibição de conteúdo no Google

O presidente do Google também critica esse trecho. "Se tudo o que é preciso para receber um pagamento é a criação de conteúdo que pareça plausivelmente jornalístico — citando fontes falsas, escritas por jornalistas falsos —, então esse projeto de lei acabaria incentivando a criação de ainda mais desinformação".

Quanto aos conceitos vagos de "conteúdo jornalístico" e outros pontos importantes, o projeto se compromete a definir tais critérios em uma regulamentação posterior. "Ao fazer isso, o texto confere ao governo a capacidade de favorecer um grupo de veículos de comunicação em detrimento de todos os outros", diz Coelho. 

O Projeto de Lei foi entregue ao presidente da Câmara, Artur Lira (PP/AL), na última quinta-feira (31) e deve ser votado nas próximas semanas.

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