Como a internet era tratada pelos jornais em 1988?

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

05/12/2013 - 05:532 min de leitura

Como a internet era tratada pelos jornais em 1988?

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Imagem de Como a internet era tratada pelos jornais em 1988? no site TecMundo

Um dos computadores usados para acessar a internet em 1988. (Fonte da imagem: Flickr/Patrick Finnegan)

A internet que você usa hoje para bate-papo, notícias e games não existiu antes de 1960, com redes pioneiras como a Arpanet. Mas a popularização só aconteceu duas décadas depois, resultando também nas primeiras reportagens de jornal sobre o assunto. O The Washington Post resolveu desenterrar essas matérias como forma de curiosidade e pesquisa, revelando como os repórteres e especialistas da época tratavam a rede.

Em uma matéria datada de 20 de novembro de 1988, o repórter Barton Gellman descreve a internet como "um grande experimento social". O texto é um dos primeiros do meio jornalístico a utilizar termos popularizados mais tarde pelo público em geral, como "vírus" e "netiqueta".

Utilidades

Gellman fala de vários usos primitivos da rede que hoje são populares e cotidianos. "Usando a internet e redes conjuntas, milhares de homens e mulheres de 17 países trocam receitas e dicas de artesanato, debatem política, religião e carros antigos, formam amizades e até apaixonam-se. Mas a rede que liga essas dezenas de milhares de computadores 24 horas por dia também permite que os vírus espalhem-se mais rapidamente e formem um potencial de perigo maior que qualquer outro invasor eletrônico", diz a matéria.

"É como ser capaz de assinar uma revista instantaneamente, ler edições antigas, contribuir para elas como autor e cancelar tudo isso na hora em que você quiser. E sem custos", diz Kenneth van Wyk, consultor entrevistado.

Brigas

O artigo também fala de um mal moderno da internet: os trolls. "A rede é uma comunidade muito maior que uma ligação de computadores e cabos. Quando seus vizinhos tornam-se paranoicos uns com os outros, eles não cooperam mais entre si, não compartilham mais as coisas. São necessários poucos, muito poucos vândalos para... Destruir a confiança que mantém a comunidade unida", diz Cliff Stoll, um especialista em informática da época.

"Era uma vez a época em que computadores serviam para pensar. Isso não é mais verdade. Computadores são para comunicação agora, e redes permitem que isso aconteça", conclui Stoll, que poucos anos depois mudaria de opinião (e erraria) ao dizer que essa mesma internet era supervalorizada.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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