Direito ao esquecimento preocupa Google por possíveis abusos no Brasil

Por Felipe Gugelmin Valente

31/08/2016 - 06:392 min de leitura

Direito ao esquecimento preocupa Google por possíveis abusos no Brasil

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Já bastante utilizado em países da Europa, o chamado “direito ao esquecimento” que envolve a desindexação de conteúdos de mecanismos de buscas se arrasta por anos no Brasil. Embora a Google Brasil lute para a existência de uma ferramenta do tipo desde o momento em que abriu seu escritório no país, a empresa alerta que ela deve ser usada como uma exceção e não como uma regra para evitar possíveis abusos.

“A remoção de resultados de pesquisa é algo que a Google lida no Brasil desde que abriu escritório no País. Isto já vem sendo aplicado aqui dentro da ideia genérica de que ela auxilia na proteção do direito”, afirmou à Abranet o diretor de políticas públicas do Brasil, Marcel Leonardi. Ele afirma que, enquanto na Europa há o entendimento de que esse é um direito que ajuda, no Brasil o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) questiona se a tutela é realmente útil.

“Temos de observar a realidade europeia e lembrar que eles contam com um sistema fantástico de proteção de dados há mais de 20 anos. A nossa realidade é diferente, é mais recente. Vivemos em um País que precisou criar uma Comissão da Verdade para desenterrar uma série de fatos complicados e incômodos que poucos gostam de relembrar. Facilitar a remoção de conteúdo em um cenário assim não é necessariamente algo sempre desejável”, explicou Leonardi.

Direito importante, se usado corretamente

Uma das maiores preocupações relacionadas ao direito ao esquecimento no Brasil é que, em algum momento, ele passe a ser tratado como uma regra e não como uma exceção, sendo usada como uma forma de abuso de poder por autoridades e donos do poder econômico. No entanto, o executivo da Google acredita que a solução deve existir e faz parte do sistema de reabilitação criminal proposto pelo país.

Depois de pagar a pena, o passado, ainda que verdadeiro de uma condenação, atrapalha seu dia a dia

“Ela vem da figura de reabilitação criminal, que diz que, uma vez que a pessoa condenada pagou à sociedade, ela deve ter seus registros criminais expurgados do conhecimento público. Depois de pagar a pena, o passado, ainda que verdadeiro de uma condenação, atrapalha seu dia a dia”, explica o executivo.

Leonardi observa, no entanto, que a visão atual do STJ tem sido que a remoção de busca tem pouca utilidade visto a quantidade de mecanismos e plataformas que facilitam o acesso a conteúdos disponíveis na internet. O entendimento é que a desindexação não remove o conteúdo original de onde ele se encontra, o que significa que ela pode continuar sendo divulgado.


Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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