Adeptos de tratamento preventivo para covid-19 lideram infecções no AM

Por Reinaldo Alexander Franco Zaruvni

11/04/2021 - 14:002 min de leitura

Adeptos de tratamento preventivo para covid-19 lideram infecções no AM

Fonte :  Unsplash 

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Uma iniciativa que acompanha 3.046 pessoas em Manaus, capital do Amazonas, desde agosto de 2020 revela que aqueles e aquelas que aderiram ao chamado tratamento preventivo contra a covid-19 lideraram o total de infecções registradas na primeira parte da pesquisa, respondendo por 38,6% dos casos, contra 25,9% dos que não ingeriram remédios para essa finalidade. 

Dentre os medicamentos mais tomados estão a ivermectina, fármaco indicado para o tratamento de vários tipos de infestações por parasitas, e o paracetamol, analgésico utilizado para o alívio de febre e dores leve e moderada, mesmo que nenhum dos dois apresentem qualquer efeito benéfico comprovado contra o Sars-CoV-2.

Jaila Borges, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFAM e uma das coordenadoras do estudo, explica que o comportamento geralmente está associado a um relaxamento das medidas indicadas para a contenção do novo coronavírus, dentre elas o distanciamento físico, o uso de máscaras faciais e a higienização constante de mãos, itens e ambientes.

"As pessoas que se medicam, de alguma forma, sentem-se seguras e baixam a guarda. Quando a gente falava isso sem dados, poderia até se questionar. Mas agora temos esses dados da população de Manaus. Não é uma coisa longe da realidade", destaca Borges.

Pessoas que tomam medicamentos se sentem mais seguras.Pessoas que tomam medicamentos se sentem mais seguras.

Chances de contaminação

Ainda de acordo com os dados do levantamento, o DETECTCoV-19, assinado por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia, da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), da Universidad Peruana Cayetano Heredia e do Instituto de Evaluación de Tecnologías en Salud e Investigación (IETSI) do Peru, as chances de contaminação aumentam com o número de pessoas em uma mesma residência: 34,5% nas casas com quatro ou mais, 26,3% com duas e 25,2% com uma.

"Uma pessoa diagnosticada, claro, transmite para outros do seu domicílio, porque esse isolamento domiciliar não é feito corretamente. [Ou seja,] não temos uma vigilância ativa de casos em que, uma vez que uma pessoa é diagnosticada, ela e os seus contactantes são acompanhados", defende Jaila.

Quanto mais pessoas vivem juntas maiores as chances de contaminação.Quanto mais pessoas vivem juntas maiores as chances de contaminação.

Por fim, 35,5% do total dos que testaram positivo para covid-19 eram pessoas com renda de até três salários-mínimos, contra 24,4% dos que ganhavam mais de seis. A pesquisadora, de todo modo, pondera sobre o quanto posicionamentos conflitantes de autoridades contribui para o cenário.

"Não é um argumento correto culpar somente as pessoas pelo que está ocorrendo. Temos um histórico problema de educação em saúde. Hoje, o que notamos é que as pessoas não sabem em quem acreditar", finaliza.

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