Banco genético vai ajudar o SUS a tratar doenças raras

Por Julia Marinho

13/11/2020 - 04:002 min de leitura

Banco genético vai ajudar o SUS a tratar doenças raras

Fonte :  Agência Brasil/Marcello Casal Jr 

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Sofrer de uma das 9.603 doenças consideradas raras pode ser desafiador para 13,2 milhões de pessoas diagnosticadas com enfermidades que, por serem incomum, acabam levando muitas vezes a uma peregrinação por especialistas, centros de diagnósticos ou, ainda à ausência de tratamento médico. Uma iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) deve amenizar o problema: o projeto Genomas Raros.

Como a maioria das doenças raras é de origem genética, a iniciativa do Ministério da Saúde e dos hospitais do Coração, Oswaldo Cruz, Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo (SP), e Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS) vai usar o sequenciamento do genoma de pacientes portadores dessas enfermidades para melhorar o diagnóstico e o tratamento nas unidades especializadas do SUS.

O sequenciamento do genoma de pacientes com doenças raras vai melhorar o atendimento nas unidades do SUS.O sequenciamento do genoma de pacientes com doenças raras vai melhorar o atendimento nas unidades do SUS.

“O sequenciamento genético permite avanços em diagnóstico complexos, tratamento e até prevenção de diversas patologias no SUS. Com esse projeto, esperamos diminuir o tempo para diagnóstico de doenças raras, implementando tratamentos ou medidas preventivas precocemente”, explica o médico e imunologista João Bosco Oliveira Filho, líder do projeto e diretor técnico do centro de diagnóstico genético Genomika, do Hospital Albert Einstein.

Anos sem diagnóstico

Desde o mês passado, o DNA de 750 voluntários está sendo sequenciado em 17 centros de referência de doenças raras no Brasil. Em uma segunda etapa, o número de participantes será ampliado, com a entrada de mais 2.750 pacientes ao longo dos próximos três anos, a um custo de R$ 55 milhões.

“O portador de uma doença rara pode levar anos até completar o diagnóstico. São muitas consultas que acontecem com diferentes especialistas, além de diferentes exames até finalizar a investigação. Com o sequenciamento do genoma, essa jornada será muito mais ágil e assertiva”, complementa Dr. João.

O sequenciamento genético de portadores de doenças raras é apenas o primeiro: o Ministério da Saúde está à frente do Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão (Genomas Brasil) também quer montar bancos de dados com os genes de quem sofre de câncer e doenças do coração e mesmo infectocontagiosas, como a covid-19.

Esquecido do mundo

Se não há no país um banco genético robusto que auxilie o SUS, o país ainda é mal representado em bancos genéticos no exterior: menos de 0,5% das pesquisas contemplam a população brasileira.

O programa, que pretende mapear o genoma de cem mil brasileiros nos próximos quatro anos, vai funcionar em três etapas. Em uma delas (a terceira) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fará uma chamada pública de R$ 50 milhões para escolher a empresa que fará o sequenciamento genético da população brasileira.

Os voluntários do Genomas Brasil serão recrutados nas unidades de saúde do SUS.Os voluntários do Genomas Brasil serão recrutados nas unidades de saúde do SUS.

Dentro do SUS, a primeira fase do Genomas Brasil ganhará um financiamento de R$ 71 milhões, disponibilizados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para ações de fomento à pesquisa e à capacitação dos pesquisadores envolvidos.

A segunda etapa prevê a implantação de um projeto-piloto de pesquisa. A partir daí, será avaliado se é possível implementar, dentro do SUS, os serviços de genômica e saúde de precisão. Essa fase inclui a qualificação de profissionais de saúde para recrutar voluntários para o sequenciamento do genoma, dentro dos serviços da rede pública que cuidam de casos de doenças raras, cardiovasculares, oncológicas e infectocontagiosas.

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