Cientistas reconstroem cérebro de um dos dinossauros mais antigos

Por André Luiz Dias Gonçalves

06/11/2020 - 02:301 min de leitura

Cientistas reconstroem cérebro de um dos dinossauros mais antigos

Fonte :  UFSM/Divulgação 

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Uma equipe de cientistas brasileiros reconstruiu o cérebro de um dos dinossauros mais antigos do mundo, o Buriolestes schultzi, cujo fóssil foi descoberto no interior do Rio Grande do Sul. A reconstrução, descrita em um estudo publicado no Journal of Anatomy, na última segunda-feira (2), pode ajudar a entender os hábitos comportamentais do pequeno animal.

Encontrado em 2015 pelo paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Rodrigo Temp Müller, o esqueleto fossilizado, com cerca de 233 milhões de anos, pertencia a um dinossauro do tamanho de um cachorro basset hound, que viveu entre o Brasil e a Argentina.

O fóssil possuía uma raridade: uma região do crânio chamada neurocrânio muito bem preservada. A partir da estrutura, foi possível reconstruir o primeiro cérebro completo de um dos dinossauros mais antigos do planeta, modelo que será adotado como referência para futuros estudos.

Fóssil do Buriolestes schultzi.Fóssil do Buriolestes schultzi.

Pesando 1,5 gramas (mais leve que uma ervilha), o cérebro do animal foi reconstruído com o auxílio de tomografias computadorizadas, que permitiram analisar as cavidades do crânio. O estudo revelou a presença de estruturas bem desenvolvidas na região do cerebelo, indicando uma boa capacidade de rastrear presas, por meio de visão aguçada. Já o olfato dele não era tão desenvolvido, conforme os pesquisadores.

Parente dos saurópodes

Mesmo se tratando de um animal carnívoro pequeno, o Buriolestes pertence à mesma linhagem da qual se originou os saurópodes, grupo de dinossauros herbívoros gigantes e de pescoço longo, um dos maiores que já andaram pela Terra.

De acordo com a equipe da paleontólogos da UFSM e da Universidade de São Paulo (USP), a comparação do cérebro dele com o dos parentes enormes permite entender a evolução da linhagem. Os bulbos olfatórios, por exemplo, de pouca relevância no fóssil estudado, eram muito mais desenvolvidos nos saurópodes, que tinham um olfato aguçado.

Por outro lado, a capacidade cognitiva do pequeno dinossauro revelou-se maior que a dos gigantes, um fato intrigante para os cientistas.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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